Análise - Crônica "Sísifo"

Natan Enrico Bambirra Braga

A crônica “Sísifo”, escrita pelo cronista, comediante e ator Gregorio Duvivier,
conhecido por ser uma figura pública com posições políticas marcantes e associadas
com posicionamentos da esquerda, relata a construção da peça teatral inspirada no mito
grego de Sísifo, mas com sua aplicação nos dias atuais. A crônica foi publicada no
Jornal Folha de São Paulo. Na história grega, Sísifo recebe um castigo após trair Zeus,
e, por isso, necessita rolar uma grande pedra até o alto de uma montanha. Sempre que
Sísifo se aproxima do topo, a pedra volta ao ponto inicial, fazendo com que o castigado
reinicie o processo pelo resto de sua eternidade.

A intenção do autor é construir no enunciatário, ou seja, a população em geral
que sempre passa grande parte de suas vidas buscando alcançar objetivos, uma grande
reflexão sobre o sentido da vida. Utilizando-se da estratégia verbal da analogia,
Gregório nomeia o mito de Sísifo e a nossa vida como um grande gif, um ciclo vicioso.
Na atualidade digital, gifs são pequenos vídeos que sempre se repetem quando acabam,
de forma a nunca ter um fim. Duvivier acredita que nossa vida pode ser comparada com
o mito de Sísifo, pois assim como nós, seres humanos, Sísifo continua a tentar
posicionar a pedra no topo da montanha, mesmo sabendo que ela vai rolar ladeira
abaixo. No contexto da atualidade, podemos dizer que nós sempre estamos buscando
objetivos, e quando os alcançamos, procuramos novos propósitos, pois o caminho para
alcançar o êxito é muito mais importante e enriquecedor do que o próprio prêmio de
conseguir. A jornada para alcançar nossas metas é um grande ciclo vicioso, assim como
os gifs e o castigo de Sísifo.